3 a cada 4 pessoas com diabetes relatam questões de saúde mental, segundo a Federação Internacional do Diabetes
Conviver com o diabetes exige disciplina diária: monitorar glicemia, ajustar doses, calcular carboidratos, organizar consultas e manter hábitos constantes de autocuidado. Mas, quando essa vigilância se torna pesada demais, surge o burnout do diabetes — um estado de esgotamento emocional que leva muitos pacientes a negligenciarem o tratamento, trazendo sérios riscos à saúde.
Dados da Federação Internacional do Diabetes mostram que 16,6 milhões de brasileiros vivem com diabetes, colocando o país entre os primeiros do ranking mundial. A mesma entidade revela que três em cada quatro pessoas com a condição relatam sintomas emocionais como ansiedade, tristeza, exaustão mental e sensação de sobrecarga.
Esse quadro vai além de um simples cansaço. O burnout é uma resposta ao estresse crônico produzido pela necessidade de tomar decisões de saúde todos os dias, sem pausas. O medo da hipoglicemia, a cobrança por bons resultados, a comparação com metas ideais e o desgaste da rotina tornam o manejo emocional ainda mais difícil.
Sinais de burnout no diabetes
O burnout pode aparecer de várias formas e merece atenção quando o paciente apresenta:
Redução ou abandono da medição de glicemia;
Pular ou alterar doses de insulina;
Adiar ou evitar consultas e exames;
Sentimentos de raiva ou frustração pela doença;
Cansaço extremo da rotina de autocuidado;
Sensação de fracasso ou impotência;
Desejo de “desligar” e ignorar a condição.
Esse comportamento funciona como um pedido silencioso de ajuda: o paciente tenta, de forma inconsciente, tirar “uma pausa” do peso emocional da doença. O problema é que essa pausa pode resultar em descontrole glicêmico, aumentando o risco de complicações como pé diabético, infecções recorrentes ou danos renais.
A importância do cuidado psicológico
Para reverter o quadro, não basta ajustar medicamentos. É fundamental olhar para a saúde emocional, validando o impacto psicológico que o diabetes causa.
As principais estratégias incluem:
• Redefinir metas de autocuidado
Metas mais realistas reduzem a sensação de cobrança e ajudam o paciente a recuperar o bem-estar no tratamento.
• Trabalhar medos e ansiedades específicos
Medo da hipoglicemia, contagem de carboidratos e receio de errar nas doses são fatores que precisam ser trabalhados com apoio profissional.
• Terapia como aliada do tratamento
O suporte psicológico oferece ferramentas para que o paciente recupere o senso de controle, fortaleça sua autonomia e retome o autocuidado no ritmo adequado.
Cuidar da mente também é cuidar do diabetes
O burnout do diabetes é uma realidade que afeta milhões de pessoas. Reconhecer os sinais, oferecer apoio e promover acompanhamento psicológico são passos essenciais para garantir uma vida mais leve, estável e saudável.
Ao tratar não apenas os números da glicemia, mas também o sofrimento emocional, é possível reduzir complicações, melhorar a adesão ao tratamento e devolver qualidade de vida ao paciente.





